Fones de ouvido
No barulho individualizado Do silêncio generalizado Os corações batem acelerados No compasso dos passos apressados Os gritos de socorro emudecidos Em contraste com olhares aflitos De influenciadores atores Vivendo sem ter vivido A boca quer falar Os ouvidos não querem escutar Há muito a batalhar Nem tanto a se ganhar O brado, a buzina, o xingamento O Eu, o Meu, o lamento Na corrida contra o tempo Entorpeço em contratempos A loucura que perdura Dos desejos e sua incessante procura Tudo se confunde, nada se mistura Não resta opção! Cada um na multidão Carregando sua mentira de estimação Na ditadura da beleza O pior crime é a fraqueza O estalo do beijo, o gemido do abraço, a gargalhada desmedida O choro, o adeus, a despedida Tudo se esvai; tudo perece na audição seletiva Entre filtros me infiltro Espalhando boatos, criando mitos Cultuando corpos, desvirtuando espíritos Trocando histórias duráveis Por stories descartáveis Diminuo a gentileza e não ouço a razão Amplifico o ódio, a