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Por que eu escrevo?

“- Por que você escreve?” Eis sua pergunta. Tuas indagações sempre exigem uma reflexão profunda, Queres desnudar os mistérios que  minh'alma  fecunda. Lamento dizer-te que meus motivos não são tão astutos. Escrevo para dar voz a sentimentos ocultos, Para fluir palavras como rios, em melodias de resultados incultos. Escrevo para pintar quadros com letras, Revelando paisagens internas, as mais secretas, as mais estreitas. As palavras são pincéis que traçam emoções, Transformando o vazio em exóticas criações. Escrevo para tocar a mente, Despertar a reflexão, a ideia latente. As letras dançam em prosa, rimas e versos, Atravessam barreiras, conectam universos. Escrevo para celebrar a liberdade, cessar a vontade, Liberar pensamentos, romper a obscuridade. As palavras dão asas que voam além do tempo, Elevam o espírito, libertam do tormento. Escrevo para eternizar memórias passageiras, Guardar lembranças, preservar besteiras. As linhas se entrelaçam, formando um legado, Um tesouro de palav

À vida

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Querida vida, Escrevo-te esta carta para expressar os sentimentos que habitam em meu coração há tanto tempo. Olhando para trás, percebo que tivemos uma relação complexa e muitas vezes tumultuada. No entanto, quero deixar claro que, apesar das dores e das adversidades que me impuseste, eu escolho perdoá-la. Não foi fácil, claro. Algumas feridas demoraram muito tempo para cicatrizar, e outras ainda estão em processo. Mas eu aprendi que o perdão não é um ato único, é um processo contínuo. É uma escolha que precisamos fazer todos os dias, de deixar para trás aquilo que não podemos mudar e seguir em frente. Acredito que você e eu nos encontramos numa encruzilhada da existência, e nossa união foi permeada por uma série de desafios. Houve momentos em que me vi afogando em meio às tempestades que tu me lançaste. Os teus golpes pareciam implacáveis, e muitas vezes me perguntei por que tu eras tão dura comigo. Enfrentei dores profundas, decepções avassaladoras e lutas incansáveis. Chorei lágrima

A vida

O nascer, o chorar, o acalentar O crescer, o engatinhar, o andar A queda, o susto, o levantar A vida O ouvir, o aprender, o falar O querer, o pedir, o implorar Não saber, não poder, não tocar A vida O sair, o curtir, o voltar Cochilar, dormir, despertar Ficar, partir, viajar A vida Desejar, se apaixonar, se entregar Lutar, desistir, persistir Buscar a felicidade, se permitir A vida O amar, o sofrer, o perdoar O abraçar, o beijar, o afagar Juntar, separar, reencontrar A vida O competir, o vencer, o perder O sorrir, o chorar, o esquecer O lembrar, o seguir, o ser A vida A batalha, a conquista, o recomeço A caminhada, a corrida, o tropeço Acalmo, emociono, enfureço A vida Procurar, explorar, desbravar Cultivar, sonhar, realizar Aproveitar, fracassar, não parar A vida Quando se aproximar do último suspiro Que ainda haja motivo pro riso Quando se sentir sozinho Recordar todo o caminho Quando não houver o que fazer Olhar pra trás sem se arrepender Quando chegar a inevitável despedida E ainda

A ditadura das metas

Meta de passos; meta de produtividade; meta de leitura; meta de calorias; meta de peso; meta de poupança; meta de investimentos; meta de sono; meta de Ano-Novo; meta de vida; metas… Vivemos numa cultura obcecada por metas. Desde muito cedo, somos ensinados e, até mesmo, pressionados que devemos ter objetivos claros e definidos em todas as áreas da vida - da carreira profissional às relações pessoais. Embora estabelecer metas seja uma parte importante do processo de realização, a obsessão por elas pode levar a uma espécie de ditadura, onde o valor pessoal é determinado pela capacidade de atingir os objetivos estabelecidos. A ditadura das metas pode ter efeitos negativos relevantes em nossa qualidade de vida. Quando nos concentramos exclusivamente em alcançar objetivos, perdemos a conexão com o momento presente e ignoramos as necessidades do nosso corpo e mente. Ficamos constantemente estressados, preocupados em atingir a próxima meta, e negligenciamos o cuidado com nós mesmos e com os o

Quase

É quase como se não fosse... Que sete e sete são doze, e não catorze Que cada gesto se transforma numa pose Que o sabor amargo pode ser o mais doce É quase como se não fosse... Que a luz ofusca o dia Que o sorriso relativiza a alegria Que a alma aquece o que o corpo esfria É quase como se não fosse... Que a lucidez incentiva a loucura Que choro e espirro não se segura Que a pior doença também traz a melhor cura É quase como se não fosse... Que a ignorância produz o conhecimento Que a insensatez fortalece o sentimento Que o silêncio vocifera o lamento É quase como se não fosse... Que a saída também é uma entrada Que a queda também é uma escada Que a visão é turva quando a língua é afiada É quase como se não fosse... Que o prêmio do abstêmio é a embriaguez Que a sabedoria do boêmio é a estupidez Que o triunfo do abastado é a mesquinhez É quase como se não fosse... Que o beijo pode matar  Que a dor pode salvar  Que a proximidade pode afastar É quase como se não fosse... Que querer chegar

Filmes que todo jornalista deveria assistir

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Eu acredito que os filmes são uma ótima maneira de aprender sobre o mundo e as pessoas. Eles têm o poder de entreter, educar e inspirar. Para os jornalistas, existem alguns que são ótimos para entender melhor a profissão e os seus desafios. Aqui estão os meus favoritos: Cidadão Kane (1941) Amplamente considerado o maior filme de todos os tempos, dirigido por Orson Welles, o filme segue o magnata das comunicações, Charles Foster Kane, enquanto ele sobe ao poder e enfrenta os resultados de suas decisões. É um poderoso conto sobre o poder e as conseqüências da ambição desenfreada. Ele oferece uma grande visão sobre o mundo do jornalismo e o poder da imprensa. O quinto poder (2013) Drama biográfico sobre a ascensão do WikiLeaks  e seu fundador, Julian Assange. Ele fornece uma visão interessante do mundo dos denunciantes e dos dilemas éticos que os jornalistas enfrentam ao relatar informações confidenciais. O filme também destaca a importância da checagem de fatos e o poder do jornalismo in

Prisão

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Estou preso! Como vim parar aqui? Como saio daqui? Como me permiti? Logo eu, que sonhava tanto em voar, hoje me pego desejando meramente um lugar pra aterrissar. Sem rota de fuga, corroído pela culpa, isolado e condenado. Com sentença transitada em julgado, sem direito a recurso. Não tenho a vida que sonhei, muito menos a que pedi a Deus, nem tampouco a que mereço. Mas que tolice a minha, acreditar um dia que nesse mundo tens aquilo que mereces. Tolo! Tento esquecer o passado e olhar adiante, mas não há mais tempo! Tempo, seu maldito! Passaste tão depressa diante dos meus olhos e nem notei. Tardiamente percebi quão implacável e intolerante és com a indiferença alheia. Carente de atenção como nenhum outro! Sonhos ofuscados por pesadelos. Tantos! Nem mesmo o inconsciente concede-me o privilégio de escapar da realidade. "Mas nada como um dia após o outro", é o que dizem. Porém, no abrir dos olhos, todos os dias são na verdade o mesmo dia. Paciência e condescendência são os meus

Coisas que não gostei em Curitiba

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Há muitos fumantes Eu sempre achei impressionante o quão é comum conhecer pessoas que fumam em Curitiba. Não sei se tem relação com o clima frio ou outra coisa, mas a impressão que eu tenho, diferente dos outros lugares em que morei, é de que, em Curitiba, fumar é a regra e não fumar é a exceção. Inclusive, achei bem cômico e me surpreendi quando vi que em muitas empresas há até um espaço reservado chamado "fumódromo". As pessoas te avaliam pelo bairro que mora Eu imagino que isso não seja uma exclusividade curitibana, mas o que me chamou atenção é que isso parece ser uma abordagem inicial padrão. No exato momento que você conhece alguém, ela em seguida vai perguntar em que bairro você mora. E ao responder, você perceberá pela reação se houve aprovação ou não na sua resposta. Há muitos moradores de rua Eu sei que isso não é uma coisa só de Curitiba, mas um problema principalmente das grandes cidades brasileiras. Só que o que me impactou é uma certa naturalidade quanto a isso.

Telas

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Estou cercado delas Cerceado por elas Minha imagem reflete em todas Mas eu não reflito em nada Todas me monitoram Parecem me conhecer tão bem Mas eu não me reconheço Todas me seguem Numa jornada solitária Encontro-as em qualquer lugar Me perco nelas facilmente Vejo todas Não enxergo nada São feitas pra assistir Sem oferecer assistência Sugam ao máximo Sem dar a mínima São muitas e imensas Que me isolam e me apequenam Imagens de alta resolução Que não resolvem nada Telas multicoloridas Vidas sem aquarelas

Paradoxos sociais

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Por que as pessoas afirmam que se deve ter autoestima e autoconfiança, mas quando se tem, rotulam-no como metido e alguém que "se acha"? Por que todos querem ter uma vida sossegada, mas orgulham-se de dizer que suas vidas são corridas e sofridas? Por que, de maneira geral, a maioria das pessoas não sabe o que fazer com a própria vida, mas mesmo assim desejam viver para sempre? Por que se eu quiser saber o que tem no seu celular é invasão de privacidade, mas você querer saber no que eu estou pensando não é? Por que tenho que aturar todos os assuntos alheios, mas os outros não podem lidar com o meu silêncio? Por que você tem o direito de mandar falar, mas se eu mandar você se calar é falta de educação? Por que as pessoas reclamam de ter que trabalhar, mas se vangloriam de ter começado a trabalhar jovem? Por que as pessoas proclamam que é importante saber ouvir, mas reprimem quem fala pouco? Por que as pessoas têm tantos “por quês”, se cada um escolhe o “porquê” que l