O começo do fim
O sol brilha com uma intensidade estranha, ensangüentado como uma lâmina afiada que corta o horizonte. A fumaça pinta o céu em tons acinzentados, e as nuvens, antes algodoadas, se foram, substituídas por uma cortina nefasta que se espalha assustadoramente pelo ar. Elas, que antes traziam promessas de chuva, agora se movem como fantasmas fugidios, carregando um peso que nem a água sabe mais aliviar. O vento, que outrora sussurrava histórias do oceano, tornou-se uma lufada rude, seca, carregando consigo o perfume amargo de terras rachadas, de florestas que já não respiram. As árvores, outrora orgulhosas e imponentes, agora se inclinam cansadas, como velhos que perderam as forças. Seus galhos ressecados estendem-se como mãos suplicantes ao céu, pedindo chuva, pedindo alívio, mas só encontram cinzas. O verde parece um devaneio distante. Onde os rios antes corriam livres, a terra agora geme, sedenta por gotas que talvez nunca mais venham. Nós? Nós continuamos a caminhar, pisando em estrada