Coisas que não gostei em Curitiba

Há muitos fumantes

Eu sempre achei impressionante o quão é comum conhecer pessoas que fumam em Curitiba. Não sei se tem relação com o clima frio ou outra coisa, mas a impressão que eu tenho, diferente dos outros lugares em que morei, é de que, em Curitiba, fumar é a regra e não fumar é a exceção. Inclusive, achei bem cômico e me surpreendi quando vi que em muitas empresas há até um espaço reservado chamado "fumódromo".

As pessoas te avaliam pelo bairro que mora

Eu imagino que isso não seja uma exclusividade curitibana, mas o que me chamou atenção é que isso parece ser uma abordagem inicial padrão. No exato momento que você conhece alguém, ela em seguida vai perguntar em que bairro você mora. E ao responder, você perceberá pela reação se houve aprovação ou não na sua resposta.

Há muitos moradores de rua

Eu sei que isso não é uma coisa só de Curitiba, mas um problema principalmente das grandes cidades brasileiras. Só que o que me impactou é uma certa naturalidade quanto a isso. A Praça Rui Barbosa parece um condomínio a céu aberto; às vezes você encontra um sofá na calçada do centro da cidade com alguém dormindo nele; geralmente em outras cidades, é mais comum ver as pessoas dormindo na rua logo cedo pela manhã ou à noite, mas em Curitiba você encontra isso a qualquer hora do dia: 13h, 14h etc. Talvez seja exagero de minha parte, mas nunca vi isso em outra cidade.

Certa vez, conheci uma curitibana em Natal, no Rio Grande do Norte, e ela reclamou que no Nordeste os mendigos ficam pedindo dinheiro o tempo todo, enquanto que em Curitiba eles ficam lendo livros. Achei isso uma declaração bastante estranha e preconceituosa. Vai ver seja esse o motivo da grande quantidade de sem-tetos: em Curitiba, morar na rua é uma opção e não uma necessidade. 🙄

Nunca me esqueço da fala do prefeito Rafael Greca dizendo que vomitou quando deu carona para um pobre.

Parecem gostar mais de cachorro do que de gente

Como mencionei, há muitas pessoas morando nas ruas da cidade e há muita indiferença quanto a isso. Porém, esse desinteresse não se repete com relação aos cachorros de rua. É muito comum ver nas calçadas de alguns bairros vasilhas com água, comida e ração à disposição; pneus com lençóis e edredons para os cachorros dormirem e até mesmo, muitas vezes as pessoas fazem vaquinhas e compram casinhas para colocar nas calçadas para eles.

Além disso, anualmente é celebrada a Missa da Benção ao animais.

Certa vez eu fui assistir ao filme Bacurau no cinema e em determinado momento ocorre uma chacina em que os "caçadores" atiram em todo mundo, inclusive numa criança. E durante todo o tempo a sala permaneceu quieta até que o silêncio foi rompido quando, na cena, o matador apontou a arma para um cachorro e ouviu-se o grito na sala: "Ah, não! No cachorro, não!". Na mesma hora eu pensei: "Meu Deus, uma criança acabou de levar um tiro na barriga e ninguém reclamou, mas quando um cachorro corre o risco de levar um tiro as pessoas ficam indignadas!"

Concluindo, na próxima encarnação, o João Grilo e eu queremos ser cachorros de rua em Curitiba.

A cidade é violenta

Não considero Curitiba uma cidade insegura. Você consegue andar a qualquer hora na rua sem muito temor de ser assaltado; em alguns bairros há casas sem muros e com gradil baixo. Porém, considero ela uma cidade bem violenta. Pois geralmente quando acontece algum evento criminoso eles são muito impressionantes. Não é incomum ver notícias de alguém sendo metralhado.

Bem, essas foram algumas coisas que me chamaram atenção negativamente em Curitiba, mas não se assuste! Como toda cidade, tem seus problemas e qualidades também. E, inclusive, eu já escrevi aqui sobre as coisas que gostei na capital paranaense.

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