Uma análise crítica e áspera de Wolverine Imortal

Antes de qualquer coisa, precisamos estabelecer o que está sendo analisado aqui: o Filme! Mas e o HQ? Não! A maioria dos fãs de obras adaptadas de HQs, livros, jogos e outras linguagens para o cinema saem cuspindo marimbondos das salas com críticas baseadas em apenas um requisito: a chamada “fidelidade” ao original. Se procuram uma crítica baseada nisso, aqui vai tudo o que posso contar: ouvi dizer que é bem fiel.

Agora vamos ao filme.

Já deixo claro aqui que podem haver alguns spoilers.

A aventura começa com Logan (Hugh Jackman) em 1945, na cidade de Nagasaki, onde salva a vida de Yashida, um jovem soldado japonês. Logan acorda da lembrança ao lado de ninguém menos que Jean Grey (Famke Janssen). Mas esperem, ela é apenas fruto da consciência pesada dele. O enredo se arrasta entre cenários que vão fazer vocês se lembrarem de “Os Miseráveis” até o ponto em que o personagem principal encontra Yukio (Rila Fukushima), que foi buscá-lo para se despedir de Yashida, que está à beira da morte.

Ao chegar, Yashida propõe a Logan que transfira seu poder de regeneração para ele, para que possa viver uma vida normal e um dia morrer como sempre quis. Porém, ele recusa e a trama se desenrola após a morte do autor da proposta, que deixou toda a sua herança (nada menos que a empresa mais poderosa de todo o Japão) para sua neta Mariko (Tao Okamoto). Membros da Yakuza (máfia japonesa) planejam matar a herdeira e o futuro Wolverine precisará protegê-la.

A obra segue – cronologicamente falando – após X-Men 3 - O Confronto Final e, para quem estava acostumado com as dezenas de mutantes dos títulos anteriores, terão que se contentar apenas com Wolverine, Yukio (que prevê o futuro) e a Viper (Svetlana Khodchenkova).

O roteiro (talvez justamente por tentar ser fiel ao HQ) é incrivelmente lento e faz as 2 horas parecerem com as quase 3 do Cavaleiro das Trevas. Apesar de alguns bons efeitos e outros poucos diálogos – que deleitam fãs de heróis superestimados e cheios de si ao estilo Tony Stark –, boa parte do filme consegue deixar sua atenção vagar entre várias situações dentro da sala de cinema exceto na tela.

Com personagens tão óbvios quanto a trama, o clímax ocorre quando Wolverine enfrenta o Samurai de Prata – que é onde o pior acontece –, relevando os grandes furos de roteiro (contradições e erros na trama) que são notados durante o filme.

Os personagens que foram desenvolvidos como fortes oponentes ao protagonista, no final são derrotados de maneira fácil e boba. E a grande preocupação com efeitos visuais deixou de lado uma luta coerente e interessante para dar lugar a um confronto confuso e bagunçado.

Eu, particularmente, não gosto do Wolverine, mas acredito que mesmo os fãs do personagem não vão aprovar a desvalorização que o filme deu a ele.

Mas esperem aí! Não saiam da sala de cinema antes do final dos créditos nem termine de ler a crítica por aqui. Após todos “as letrinhas” temos um “Easter Egg” que valeu cada centavo.

A cena se trata de um prequel do próximo filme: X Men - Dias de um Futuro Esquecido.
 
*ATENÇÃO! SE DESEJA QUE A CENA SEJA SURPRESA, PARE POR AQUI. CONTÉM SPOILERS.

Logan está no aeroporto quando vê alguns metais flutuando. Ao se virar, encontra ninguém menos que Magneto (Ian McKellen), dizendo que algo sombrio está por vir e então o tempo para. Numa cena clássica do Cérebro, acreditem ou não, Professor Xavier (Patrick Stewart) chega na sua clássica e moderna cadeira de rodas e diante do espanto de Logan diz: “Como já havia dito, Você não é o único que possui dons especiais!”. Realmente uma cena muito bem construída com poucas e decisivas falas que causam arrepios em série na sala inteira.

Para quem não entendeu como é possível o Professor estar vivo, sugiro que assistam as cenas extras no fim de “O Confronto Final” que são tão grandiosas quanto esta.

Avaliação do filme: (X) “Era melhor ir ver o filme do Pelé!” ( )”Valeu cada centavo!”


Sobre o Autor:
Torugo (de Victor Hugo) é roteirista, editor de vídeo, futuro cineasta e louco. Trabalho os últimos dois anos de ensino médio para sair do interior de São Paulo e fazer faculdade de Cinema na capital (o que desde criança dizia que ia fazer para seus pais). Escreve desde que sua curta memória se lembra. Nas horas vagas não sabe o que fazer, e então trabalha mais um pouco.

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