Uma luz nas novas regras do futebol

A partir deste mês vamos nos acostumar aos poucos a ver durante as partidas algumas mudanças nas regras do futebol que foram aprovadas pela FIFA e a The IFAB.

Apesar do início oficial da aplicação ser agendado para junho, a Confederação Brasileira de Futebol decidiu adotar elas já na rodada de estreia do #Brasileirão, assim não precisaria mudá-la no meio do campeonato.

Além das medidas já em vigor, ainda existem algumas que estão sob análise. Aqui eu listo ambas e faço breves comentários sobre cada uma delas:


Medidas aprovadas:

  • Não é mais obrigatório tocar a bola pra frente no início e reinício da partida: a principal mudança aqui será a rapidez que a bola chegará aos volantes ou zagueiros. Antes, sempre que a partida fosse começar ou recomeçar após um gol, dois jogadores ficavam no meio de campo: um pra rolar a bola pra frente e um outro para receber. Mas, praticamente, sempre o jogador que recebia a bola tocava ela pra trás e assim as jogadas eram construídas. Agora a bola já vai pra trás direto no primeiro toque. Algo curioso é que com essa nova regra, o grande círculo tonou-se inútil; 
  • Os jogadores podem ser expulsos antes da partida começar: já vimos muitos casos de jogadores sendo expulsos nos intervalos dos jogos ou no término, mas não era permitido que um atleta fosse excluído antes do apito inicial. Essa alteração pode ser interessante, por exemplo, em duelos de muita rivalidade onde os integrantes dos times ao se encontrarem no túnel de acesso ao gramado se envolvam em brigas;
  • Se um jogador se contundir após sofrer uma falta do adversário, ele poderá ser atendido em campo, assim o seu time não ficará com um jogador a menos: sem dúvida, essa regra foi pensada para os torneios europeus onde é muito difícil vermos jogadores rolando no chão simulando uma contusão grave. No Brasil e na América do Sul em geral, isso pode ser um tiro no pé. As equipes que sofrerem a falta podem muito bem utilizar esse privilégio como benefício para ganhar tempo através da famigerada “cera”. O árbitro pode compensar nos acréscimos, mas ainda assim, isso tornaria o jogo enfadonho, chato e perderia na dinamicidade. E isso já acontece muito por aqui hoje em dia;
  • Se quando for bater o pênalti, o jogador fizer a famosa paradinha, ele perderá a cobrança: a proibição já não é nova, a diferença é que antes o cobrador receberia um cartão amarelo e repetiria a penalidade, em vez de perdê-la. Eu realmente não sei se sou contra ou não da paradinha. Entendo que é um tormento para os goleiros, mas, em contrapartida, se fosse permitido poderia acabar definitivamente com a história de que pênalti é loteria. Hoje, funciona da seguinte forma: você corre pra bater e o goleiro tenta adivinhar. Com a paradinha o jogador pode enganar de verdade o arqueiro e eliminar o fator sorte. Esse tipo de cobrança já é muito comum em partidas de handebol;
  • Os árbitros poderão consultar as imagens em vídeo para tomar ou corrigir decisões: esta é a mudança mais famosa de todas e solicitada por muitos. Depois de muita pressão a FIFA e a The IFAB finalmente cederam e autorizaram seis países a incluírem o recurso em suas respectivas competições como medidas de testes. Além do Brasil, Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Holanda e Portugal têm a permissão. O órgão máximo do futebol já anunciou que pretende utilizar as experiências locais dos assistentes de vídeo durante a Copa do Mundo de Clubes disputada no Japão, no fim desse ano. Ela também disponibilizou um infográfico para explicar como os árbitros usarão a novidade. O material está originalmente em inglês, mas eu traduzi as informações e você pode ver na imagem abaixo.
Particularmente, tenho um pé atrás com a utilização das imagens pelos árbitros. O futebol é bom porque, diferente de outros esportes, o jogo não para tanto. Sempre que houver lances duvidosos e o juiz precisar interromper a partida pode deixar o jogo muito maçante. Além disso, a tecnologia que já vem sendo utilizada em partidas de voleibol, tem se mostrado falha em muitas vezes, com a imagem oficial mostrando uma coisa e a transmissão da TV outra. Isso geraria mais problemas do que soluções.


Medidas em análise:

  • Substituição extra em partidas com prorrogação: de todas as mudanças aprovadas e/ou aguardando aprovação, eu acredito que essa é a mais interessante. O ritmo de jogo do futebol moderno é intenso. Ao final dos 90 minutos regulamentares os jogadores estão exaustos, e quando precisam disputar mais 30 minutos de prorrogação então, chega a ser quase que desumano. A Copa do Mundo da FIFA de 2014 que o diga. Nas partidas da Costa Rica, por exemplo, era perceptível os atletas da equipe esgotados e se arrastando em campo. É importante lembrar que a substituição extra só estaria disponível para o time que tivesse feito as 3 substituições durante o tempo normal. Sinceramente, não sei o que impede a aprovação dessa melhoria;
  • Se um jogador for expulso ao cometer um pênalti, ele não precisará cumprir suspensão na partida seguinte: essa não é uma boa ideia. A justificativa é que falta dentro da área em si já é uma penalidade máxima e a expulsão agravaria a situação, assim suspender o jogador também seria um exagero. Eu sou a favor da suspensão. Se acabar com a suspensão, os jogadores podem começar a apelar bastante para a falta porque sabem que estarão de volta no próximo jogo. O caso clássico do Luis Suarez impedindo o gol da Gana na Copa de 2010 é um bom exemplo. Se ele sabendo que seria suspenso já fez aquilo, imagina se soubesse que não seria.
Enfim, são mudanças. E sair da zona de conforto é sempre difícil. Só o tempo e as experiências dirão se elas são benéficas ou não.

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