Fábio de Brito: quando a vida incita à arte

"De artista e louco todo mundo tem um pouco!” Essa é a definição por Fábio Inocêncio de Brito.

Nascido no dia 23 de abril de 1976 e natural da cidade de Puxinanã na Paraíba, desde pequeno já demonstrava as suas habilidades artísticas e empreendedoras.

Fábio fazia desenhos nas camisas dos colegas em troca de dinheiro. Basicamente suas ilustrações eram de caveiras, reflexo de uma infância rebelde típica de alguém que sempre via o mundo além do senso comum.

Por tal característica, Fábio muitas vezes se sentiu isolado e rejeitado, mas sempre contou com o apoio e incentivo da família. Seu pai o inscreveu em um curso de desenho para aprimorar suas habilidades, mas ao invés disso o menino quase foi privado da sua genialidade. A caminho da escola foi vítima de um assalto e sua arte foi censurada pelo medo durante uma década de sua vida.

No ano 2000, voltou a brincar com o lápis e ganhou seu primeiro prêmio nacional em um concurso realizado pela DirecTV® e intitulado de “A liberdade está em suas mãos”. Não por acaso, pois a partir daí ele voltou a sentir-se livre para fazer o que mais gostava e percebeu que de fato a liberdade estava em suas mãos superando de vez o trauma vivido na infância.

O Prêmio foi uma espécie de “desfibrilador” reanimando seu coração e bombeando de novo sua veia artística. Afinal, o show tinha que continuar!

Dois anos depois de ganhar seu primeiro prêmio o jovem artista teve novamente o seu talento reconhecido. Desta vez ganhando um carro oferecido pela revista Caras e pela fabricante de automóveis Fiat. A partir de então ele viu que a brincadeira poderia e deveria se tornar coisa séria.

Mestre nas artes plásticas passou a demonstrar também seu potencial na arte de empreender. Sempre determinado a alcançar seus objetivos deixou de pintar apenas para competir e começou a comercializar suas obras. Católico praticante, explorava seu talento através de pinturas sacras e as exibia em shopping centers, passou a fazer contatos, atender em domicílio, receber encomendas etc.

Os negócios iam muito bem, mas apesar de ser artista e consequentemente louco como ele mesmo afirma, Fábio também era sensato o suficiente para perceber que o mercado artístico no Brasil – mais ainda na Paraíba – é muito turbulento e cheio de altos e baixos (principalmente baixos). Dessa maneira, sabia que precisava de algo mais concreto para manutenção de seu trabalho e seu próprio sustento. Afinal nem só de arte vive o homem. E foi aí que surgiu a ideia de vender o carro que ganhara da Fiat e com o dinheiro investiu em uma loja no ramo de vestuário a qual permanece funcionando até hoje em sua cidade natal.

Um é pouco, dois é bom, três é internacional!

Em mais um concurso, desta vez concorrendo com candidatos do mundo inteiro, o artista plástico Fábio de Brito volta de Gramado, no Rio Grande do Sul, com o prêmio da AGAPA em homenagem aos cem anos da aviação brasileira, comemorado em 2006.

Nordestino, sim senhor!

Apesar do reconhecimento e do prestígio adquirido, nunca negou às origens. E foi a partir desse princípio que produziu o seu maior e mais difícil trabalho. Sempre muito ligado também às questões sociais, idealizava um projeto sobre a polêmica da transposição do rio São Francisco. Foi quando um jornalista que o entrevistava incentivou a fazer uma tela para entregar ao bispo Dom Aldo, ativista pró-transposição.

Movido pela sua veia artística, sua visão empreendedora, força de vontade e principalmente amor por sua terra e pelo povo nordestino ele foi muito além do que uma simples tela. Criou uma verdadeira ação social, uma coleção com vinte e uma telas intitulada de “Transposições de uma Partilha” que mais do que qualquer outra coisa representava a angustiante esperança daqueles que aguardavam a transposição.

De corpo e alma Fábio se entregou a este trabalho como jamais havia se entregado a nenhum outro. Seu extremo perfeccionismo e visão singular o levaram a uma verdadeira saga aos locais das obras da transposição a fim de coletar em cada cidade beneficiada materiais para serem utilizados no seu projeto. Trazer a areia de cada cidade para a tela, era a essência da obra.

Depois de muitos meses de trabalho duro sua obra foi concluída. E apesar de tanto esforço veio a surpresa. Em vez de ficar com a principal tela da coleção como recompensa pelo seu suor, o “artista-louco” demonstrando extrema generosidade e responsabilidade social doou-a para o bispo Dom Jaime em prol da campanha que estava defendendo.

Tanta dedicação não poderia terminar de outra forma. Diversos veículos de comunicação o procuraram para entrevistas e para exibir as suas obras. O sucesso foi tamanho, que Fábio saiu de sua pacata cidadezinha, Puxinanã, para a capital federal, Brasília, apresentar o seu trabalho no congresso nacional.

Já de volta a sua cidade natal, foi surpreendido com uma carta do, até então, ministro da cultura Gilberto Gil e outra do Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, ambas reconhecendo seu belíssimo trabalho.

Atualmente, Fábio é membro do comitê pró-transposição e a sua obra plástica “Transposições de uma Partilha” é sem dúvida a bandeira deste movimento e demonstra com clareza que além de louco, todo artista, acima de tudo, ama o que faz.

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